Rebeliões da Republica Velha
De acordo com diversos estudos, o fim do regime monárquico não representou a ascensão de profundas transformações no cenário social brasileiro. Apesar da libertação das populações escravas, a constituição republicana, de 1891, não buscava empreender nenhum tipo de projeto de inclusão social e econômica dessa população historicamente marginalizada. Ao mesmo tempo, a república foi marcada pelo predomínio das elites agro-exportadoras no poder.
O novo sistema eleitoral havia extinguido o voto censitário como pré-requisito para o alcance de direitos políticos. Entretanto, a proibição do voto dos analfabetos se tornou um novo item de exclusão de uma grande maioria que não tinha condições mínimas de acesso ao ensino. Além disso, a ausência de leis e um poder exclusivo para legislar sobre as questões eleitorais fizeram com que as primeiras décadas da República fossem gravemente atingidas pela fraude eleitoral.
Foi nesse contexto que percebemos que o regime republicano gerou no interior de seus costumes uma crise de reconhecimento proveniente dessas populações marginalizadas. Afinal de contas, como seria possível se submeter aos poderes e obrigações de um Estado pouco interessado em atender as demandas daqueles que devia representar? Foi a partir desse impasse que observamos o aparecimento de uma série de revoltas que tomaram conta do país ao longo de toda República Velha.
Nessa época, o problema da exclusão sócio-econômica atingiu as populações do campo e da cidade. No meio rural, a hegemonia opressora dos coronéis impulsionavam os camponeses a se aproximarem das alternativas oferecidas pelos líderes messiânicos como José Maria (Contestado/SC), Antônio Conselheiro (Vaza-Barris/BA) e Padre Cícero (Juazeiro/CE). Em situações mais extremas, o chamado banditismo social impulsionava a formação de grupos de cangaceiros que não reconheciam nenhum tipo de autoridade.
Nos proeminentes centros urbanos, o problema da exclusão era visivelmente fomentado por um governo ainda preso às tradições autoritárias e o perfil conservador dos grandes proprietários. No entanto, a formação da classe operária – influenciada pelo ideário socialista e anarquista – foi responsável pela formação dos primeiros movimentos grevistas e levantes populares, como a Revolta da Vacina de 1904.
Paralelamente, os militares também mobilizaram sua classe em torno de manifestações contrárias à hegemonia oligárquica. A primeira manifestação aconteceu na cidade do Rio de Janeiro, onde marinheiros tomaram conta de embarcações oficiais ao protestar contra os baixos salários e os castigos físicos combatidos na chamada Revolta da Chibata (1910). Na década seguinte, o interesse político dos militares ganhou maior presença com o movimento tenentista e a formação da Coluna Prestes.
Todas essas rebeliões davam sinais claros de uma mudança no interior da nação. O Brasil não tinha mais seu campo político restrito ao meio rural e as constantes crises da economia não mais suportavam um país essencialmente ligado à agro-exportação. Paralelamente, a partir de 1914, o crescimento urbano e industrial inseriu novos grupos sociais dotados de interesses e demandas políticas próprias. A partir disso que compreendemos as diferentes revoltas que marcaram essa época.Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil EscolaARTIGOS DE REBELIÕES NA REPÚBLICA VELHA
- Guerra do Contestado
Religiosidade e desigualdade social em um dos mais tensos conflitos do período oligárquico.
- Levante do Forte de Copacabana
A revolta dos militares contra o governo de Artur Bernardes.
- Revolta da Armada
O conflito militar contrário à ascenção política de Floriano Peixoto.
- Revolta da Chibata
A revolta de marinheiros liderada por João Candido, O Almirante Negro.
- Revolta de Juazeiro
O levante que mistura a fé dos sertanejos e as imposições das oligarquias.
- Revolta Paulista de 1924
A manifestação do tenentismo em terras paulistas.
- Revolução Federalista
A revolta gaúcha contrária ao governo de Floriano Peixoto.
- Tenentismo
O movimento dos militares contra a ingerência da República Oligárquica.
De acordo com diversos estudos, o fim do regime monárquico não representou a ascensão de profundas transformações no cenário social brasileiro. Apesar da libertação das populações escravas, a constituição republicana, de 1891, não buscava empreender nenhum tipo de projeto de inclusão social e econômica dessa população historicamente marginalizada. Ao mesmo tempo, a república foi marcada pelo predomínio das elites agro-exportadoras no poder.
O novo sistema eleitoral havia extinguido o voto censitário como pré-requisito para o alcance de direitos políticos. Entretanto, a proibição do voto dos analfabetos se tornou um novo item de exclusão de uma grande maioria que não tinha condições mínimas de acesso ao ensino. Além disso, a ausência de leis e um poder exclusivo para legislar sobre as questões eleitorais fizeram com que as primeiras décadas da República fossem gravemente atingidas pela fraude eleitoral.
Foi nesse contexto que percebemos que o regime republicano gerou no interior de seus costumes uma crise de reconhecimento proveniente dessas populações marginalizadas. Afinal de contas, como seria possível se submeter aos poderes e obrigações de um Estado pouco interessado em atender as demandas daqueles que devia representar? Foi a partir desse impasse que observamos o aparecimento de uma série de revoltas que tomaram conta do país ao longo de toda República Velha.
Nessa época, o problema da exclusão sócio-econômica atingiu as populações do campo e da cidade. No meio rural, a hegemonia opressora dos coronéis impulsionavam os camponeses a se aproximarem das alternativas oferecidas pelos líderes messiânicos como José Maria (Contestado/SC), Antônio Conselheiro (Vaza-Barris/BA) e Padre Cícero (Juazeiro/CE). Em situações mais extremas, o chamado banditismo social impulsionava a formação de grupos de cangaceiros que não reconheciam nenhum tipo de autoridade.
Nos proeminentes centros urbanos, o problema da exclusão era visivelmente fomentado por um governo ainda preso às tradições autoritárias e o perfil conservador dos grandes proprietários. No entanto, a formação da classe operária – influenciada pelo ideário socialista e anarquista – foi responsável pela formação dos primeiros movimentos grevistas e levantes populares, como a Revolta da Vacina de 1904.
Paralelamente, os militares também mobilizaram sua classe em torno de manifestações contrárias à hegemonia oligárquica. A primeira manifestação aconteceu na cidade do Rio de Janeiro, onde marinheiros tomaram conta de embarcações oficiais ao protestar contra os baixos salários e os castigos físicos combatidos na chamada Revolta da Chibata (1910). Na década seguinte, o interesse político dos militares ganhou maior presença com o movimento tenentista e a formação da Coluna Prestes.
Todas essas rebeliões davam sinais claros de uma mudança no interior da nação. O Brasil não tinha mais seu campo político restrito ao meio rural e as constantes crises da economia não mais suportavam um país essencialmente ligado à agro-exportação. Paralelamente, a partir de 1914, o crescimento urbano e industrial inseriu novos grupos sociais dotados de interesses e demandas políticas próprias. A partir disso que compreendemos as diferentes revoltas que marcaram essa época.
O novo sistema eleitoral havia extinguido o voto censitário como pré-requisito para o alcance de direitos políticos. Entretanto, a proibição do voto dos analfabetos se tornou um novo item de exclusão de uma grande maioria que não tinha condições mínimas de acesso ao ensino. Além disso, a ausência de leis e um poder exclusivo para legislar sobre as questões eleitorais fizeram com que as primeiras décadas da República fossem gravemente atingidas pela fraude eleitoral.
Foi nesse contexto que percebemos que o regime republicano gerou no interior de seus costumes uma crise de reconhecimento proveniente dessas populações marginalizadas. Afinal de contas, como seria possível se submeter aos poderes e obrigações de um Estado pouco interessado em atender as demandas daqueles que devia representar? Foi a partir desse impasse que observamos o aparecimento de uma série de revoltas que tomaram conta do país ao longo de toda República Velha.
Nessa época, o problema da exclusão sócio-econômica atingiu as populações do campo e da cidade. No meio rural, a hegemonia opressora dos coronéis impulsionavam os camponeses a se aproximarem das alternativas oferecidas pelos líderes messiânicos como José Maria (Contestado/SC), Antônio Conselheiro (Vaza-Barris/BA) e Padre Cícero (Juazeiro/CE). Em situações mais extremas, o chamado banditismo social impulsionava a formação de grupos de cangaceiros que não reconheciam nenhum tipo de autoridade.
Nos proeminentes centros urbanos, o problema da exclusão era visivelmente fomentado por um governo ainda preso às tradições autoritárias e o perfil conservador dos grandes proprietários. No entanto, a formação da classe operária – influenciada pelo ideário socialista e anarquista – foi responsável pela formação dos primeiros movimentos grevistas e levantes populares, como a Revolta da Vacina de 1904.
Paralelamente, os militares também mobilizaram sua classe em torno de manifestações contrárias à hegemonia oligárquica. A primeira manifestação aconteceu na cidade do Rio de Janeiro, onde marinheiros tomaram conta de embarcações oficiais ao protestar contra os baixos salários e os castigos físicos combatidos na chamada Revolta da Chibata (1910). Na década seguinte, o interesse político dos militares ganhou maior presença com o movimento tenentista e a formação da Coluna Prestes.
Todas essas rebeliões davam sinais claros de uma mudança no interior da nação. O Brasil não tinha mais seu campo político restrito ao meio rural e as constantes crises da economia não mais suportavam um país essencialmente ligado à agro-exportação. Paralelamente, a partir de 1914, o crescimento urbano e industrial inseriu novos grupos sociais dotados de interesses e demandas políticas próprias. A partir disso que compreendemos as diferentes revoltas que marcaram essa época.
Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola
Graduado em História
Equipe Brasil Escola
Religiosidade e desigualdade social em um dos mais tensos conflitos do período oligárquico.
A revolta dos militares contra o governo de Artur Bernardes.
O conflito militar contrário à ascenção política de Floriano Peixoto.
A revolta de marinheiros liderada por João Candido, O Almirante Negro.
O levante que mistura a fé dos sertanejos e as imposições das oligarquias.
A manifestação do tenentismo em terras paulistas.
A revolta gaúcha contrária ao governo de Floriano Peixoto.
O movimento dos militares contra a ingerência da República Oligárquica.
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